sexta-feira, 24 de julho de 2009

Utopia

Dizes que não queres estragar nada.

Esta obra, escondida de ventos e marés, brilhante, feliz, inabalável, indiscutível acabou por ser deitada abaixo pelo próprio escultor.

Nunca estás contente.

Nunca são boas suficientes.

Uma obra inigualável, “Sin Cera”, profunda, respeitosa.

Perfeita.

Um perfeccionista sabe que a perfeição é inalcançável.

Por isso, contenta-se com o que sente, e não com o que pensa.

A lógica não ganha sempre.

Não tentes nadar em águas mais profundas. A pérola

é uma mera esperança do que poderia acontecer, não do que vai acontecer.

Só te resta a esperança, tal feito, tal obra não existe.

Talvez mais tarde. Por enquanto é apenas imaginável.

Obra mera utópica.

Vives esperançosamente.

Vives em busca da perfeição.

Vives utopicamente.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Máscara

Nunca sabes o que fazer.

Nunca ninguém sabe ao certo.

Escondemo-nos todos desses ventos, de maneira a que a nossa figura não seja tocada.

Mas depois ficamos presos nas tempestades.

Pomos todos uma máscara, para afastar quaisquer sinais de ódio, fraqueza, inveja.

Imperfeições.

Vestimos todos um ideal.

Um ideal que nos esconde, que mostra sempre a mesma face da lua e nunca a que ainda está por descobrir.

Nunca mostra o lado da tela por pintar.

Serve apenas para nos esconder de uma proximidade desconfortável.

Mas á medida que colocamos cada vez mais essa máscara, esse ideal, acabamos por nos tornar cada vez mais dependentes dele(a).

Acabamos por não querer tirar a máscara.

E é então que tudo se torna mais do que devia.

A máscara já não nos esconde.

A máscara já não serve como desculpa.

A máscara define-nos.

Sobrepõe-nos

Abafa-nos.

Paramos de ser quem somos a partir do momento em que nos escondemos.